quarta-feira, 4 de março de 2009

Foi entregue dia 4 de Março, aos trabalhadores da Controlinveste em luta, e pela primeira vez divulgado publicamente, o Manifesto de 119 pessoas do mundo das letras, da música e das ciências e trabalhadores do sector da Comunicação Social, que é simultaneamente uma prova de solidariedade com os 119 trabalhadores despedidos desse grupo e uma afirmação dos valores democráticos e das liberdades que cada vez mais são postos em causa, também com estas transformações no sector da comunicação social. 


Os primeiros 119 subscritores,


  1. Alfredo Maia, jornalista
  2. Ana Goulart, jornalista
  3. Ana Paula Cardoso, jornalista
  4. Anabela Fino, jornalista
  5. André Levy, biólogo
  6. António Carvalho, arquitecto
  7. António Filipe, jurista, vice-presidente Ass. Republica
  8. António Garcia Pereira, advogado
  9. António José Boto Figueiredo, director de rádio
  10. António Luis Catarino, editor
  11. António Melo, jornalista
  12. António Paulo Rato, apresentador
  13. António Pinto Carvalho, jornalista
  14. António Sousa Pereira, jornalista
  15. Armando Myre Dores, psicólogo
  16. Augusto Baptista, jornalista
  17. Aurélio Cunha, jornalista
  18. Bruno José Monteiro, investigador
  19. Carlos Calado, geólogo
  20. Carlos Veiga Pereira, jornalista
  21. César Avó, jornalista
  22. César Príncipe, jornalista
  23. Daniel Ricardo, jornalista
  24. Diamantino Fitas, jornalista
  25. Diana Andringa, jornalista
  26. Dulce Rebelo, investigadora
  27. Eduarda Abbondanza, directora da Moda Lisboa
  28. Eduardo Chitas, docente do ensino superior
  29. Elisabete França, jornalista
  30. Elsa Andrade, jornalista
  31. Elsa Barbot Canha, técnica de marketing
  32. Ernesto António Silva, gráfico
  33. Fernanda Bernardo, docente do ensino superior
  34. Fernando Barros, jornalista
  35. Fernando Correia, jornalista e professor universitário
  36. Fernando Ricardo, jornalista
  37. Fernando Valdez, jornalista
  38. Filipa Vedes, arquitecta
  39. Francisco Almeida, professor
  40. Francisco Belard, jornalista
  41. Francisco Magalhães Costa, jornalista
  42. Frederico Gama Carvalho, investigador
  43. Guilherme da Fonseca, juiz conselheiro (jubilado)
  44. Herberto Goulart, economista
  45. Honório Novo, engenheiro
  46. Ilda Figueiredo, economista
  47. Jaime Froufe Andrade, jornalista
  48. Joana Filipa Gonçalves, arqueóloga
  49. João Alferes Gonçalves, jornalista
  50. João Carlos Gralheiro, advogado
  51. João Ferro, jornalista
  52. João Huet Viana Jorge, engenheiro
  53. João Ogando, jornalista
  54. João Matias, jornalista
  55. João Mesquita, jornalista
  56. João Sá, jornalista
  57. Jorge Castilho, jornalista
  58. Jorge Figueiredo, economista
  59. Jorge Sarabando, publicista
  60. José António Gomes, escritor
  61. José Barbedo Magalhães, jornalista
  62. José Carlos Maximino, jornalista
  63. José Goulão, jornalista
  64. José Luis Borges Coelho, maestro
  65. José Luiz Fernandes, jornalista
  66. José Mário Branco, músico
  67. José Mário Costa, jornalista
  68. José Pedro Rodrigues, licenciado Com. Social
  69. José Rebelo, docente do ensino superior
  70. José Viale Moutinho, escritor
  71. Julia Coutinho, investigadora
  72. Julia Soares, jornalista
  73. Julio de Sousa Ramos, docente do ensino superior
  74. Luis Veiga, técnico de audiências
  75. Luis Vicente, biólogo
  76. Madalena Santos, jurista
  77. Manso Preto, jornalista
  78. Manuel Alegre Portugal, jornalista
  79. Manuel Carlos Silva, sociólogo
  80. Manuel Correia, jornalista
  81. Manuel Gusmão, escritor
  82. Manuel Jorge Veloso, crítico musical
  83. Manuel Leitão, empresário
  84. Manuel Leonído Silva, jornalista
  85. Manuel Neto, jornalista
  86. Maria do Amparo, cantora
  87. Maria Eugénia Cunhal, escritora
  88. Maria João Barros, jornalista
  89. Maria Zulmira Silva, funcionária pública
  90. Miguel Carvalho, jornalista
  91. Miguel Urbano Rodrigues, jornalista
  92. Modesto Navarro, escritor
  93. Mónica Peixoto, jornalista
  94. Myriam Zaluar, jornalista
  95. Orlando César, jornalista
  96. Orlando Paiva, informático
  97. Óscar Mascarenhas, jornalista
  98. Otília Leitão, jornalista
  99. Paulo Azevedo Silva, jornalista
  100. Paulo Gonçalves, gráfico
  101. Paulo Jacinto, técnico administrativo
  102. Paulo Jorge Morgado, jornalista
  103. Pedro Coelho, jornalista
  104. Raul Fino, músico
  105. Ribeiro Cardoso, jornalista
  106. Ruben de Carvalho, jornalista
  107. Rui Namorado Rosa, investigador
  108. Rui Pereira, jornalista
  109. Rui Sá, engenheiro
  110. Rute Nunes Coelho, jornalista
  111. Samuel, cantor
  112. Samuel Castro, informático
  113. Sandra Ferreira, jornalista
  114. Sara Reis da Silva, docente de ensino superior
  115. Soares Novais, editor
  116. Sónia Duarte, professora
  117. Tiago Morão Cunha, economista
  118. Urbano Tavares Rodrigues, escritor
  119. Valdemar Madureira, economista

Os apoios continuam a chegar. Como dizia uma das subscritoras: "o inferno é a ausência da esperança". Continua a divulgação, aumenta esta rede solidária.



Jorge Vilas, jornalista

Frederico Ribeiro, jornalista

Matos Bastos, quadro técnico

Manuel Augusto Baptista, tec sup comunicação

Pimpão dos Santos, ex-correspondente JN

Noélia Oliveira, jornalista

Mónica Santos, jornalista

Armindo Silva Carvalho, tec sup de comunicação

Sara Meireles Graça, docente do ensino superior

Francisco Madruga, editor

Alexandre Praça, jornalista

Jorge Cruz, jornalista

Arlindo Fagundes, ilustrador

Maria Teresa Horta

Regina Martins, jurista

Vitor Paulo Barata

JP Coutinho

João Almeida

Amândio

Joana Gonçalves

Joana Soares

Constança Soares

Margarida Sanches Veiga

Cristina Prata Barbedo Guimarães

Guilherme da Fonseca-Statter, arquitecto

António Redol, jornalista

António Martins Coelho

Eugénio Rosa, economista

João Semedo, médico

Cidália Isidro

Joana Sá

Jorge Machado, advogado

Angelino Freitas

Fernando Araújo

Adolfo Magalhães, jornalista

António Baldaia, professor

Isolete Boaventura

Helga Costa

Teresa Palma Fernandes

Jorge Custódio

Maria Amélia da Lux Carvalho

Tiago Mota Saraiva

Maria José Morais Isidro Aragonês

Ana Cristina Macedo, docente de ensino superior

Graça Mota, docente de ensino superior

Maria Alberto Branco

José Manuel Pureza, docente do ensino superior

Frederico Pinheiro Guimarães

Manuel António Santos, Presidente da Casa do Douro

Maria Teresa Horta

Isidoro Padin Cortegoso, professor

Eduardo Roseira, poeta, escritor

Elsa Dias da Silva, tradutora

terça-feira, 3 de março de 2009

Manifesto dos 119

Pelo Direito ao Emprego

Pela Liberdade de Expressão

Solidariedade com os Trabalhadores 

Despedidos da Controlinveste


A presente vaga de despedimentos na Controlinveste (Global Notícias Publicações/ Jornalinveste Comunicação) atinge 119 trabalhadores do Jornal de Notícias, Diário de Notícias, 24 Horas, O Jogo. Esta sangria representa à volta de 12% dos efectivos do Grupo. Correm rumores de que outras vagas estarão a formar-se no conforto dos gabinetes. Os jornalistas constituem mais de 60% dos desvinculados, friamente descartados. O outro contingente integra funcionários das áreas de recursos humanos, contabilidade e informática. Esta “redução” não tem cobertura da “crise global”. Não quer dizer que não se tenha definido o momento. Um bom guarda-chuva vem a calhar quando se faz correr “sangue, suor e lágrimas”. Mas só com uma dose de ficção científica este drama se encobrirá com “produtos tóxicos” bolsistas e apenas poderá acobertar-se parcialmente sob a capa da contracção da actividade económica nacional e geral. A janela de oportunidade tem mais a ver com a entrada em vigor do Estatuto do Jornalista e do Código Laboral, que acorrentam os profissionais a um sem número de “trabalhos forçados”. No que concerne ao Novo Estatuto, o jornalista foi consagrado, pela Força da Lei, como “topa-a-tudo”, “tapa-furos”, “tapa-buracos”, “black-and-decker” ou ogiva de cabeça múltipla das omnipotentes entidades multimédia. 


Quanto à génese real da crise neste Grupo, situar-se-á em expectativas não fundadas dos investidores, no défice de domínio do meio e de previsão de risco, na carteira de encargos bancários e nos desvios de projecto nas principais unidades: JN/DN. Nenhuma destas vertentes é da responsabilidade dos recursos humanos de base. Os recursos humanos de topo estão na origem deste modelo de investimento, gestão, direcção. A eles se deverá imputar a “baixa de vendas” e a “quebra de receitas”. A eles caberia assumir as consequências da intranquilidade ou do estado de saúde do Grupo. Atitude só expectável face a uma profunda alteração sociopolítica. O que, nesta ocasião, os impele é explorar as potencialidades do capital com confiança da capital (aqui sinónimo de Terreiro do Paço). Os resultados deficitários e os acidentes de grupo têm obtido suporte neste “compromisso estratégico”, na medida em que a Controlinveste produz resultados como rotativa ideológica do sistema.


A “reestruturação” agora anunciada castiga a parte que nunca foi chamada nem escutada na definição de um modelo empresarial mobilizador e vencedor. Cultura que não se pode resumir a amparos da “mão invisível do Estado”, a impulsos egocêntricos e a campanhas de “marketing”: implica promoção da competência, programação multilateral, diálogo interno, respeito pelas comunidades de leitores e pelo histórico das publicações. O corte autista com a realidade e a memória e a contratualização de fidelidades (não com os leitores ou sequer com os eleitores mas com alguns eleitos) traduziu-se em custos. Entre eles, estão os custos da incapacidade de leitura da evolução do sector e do grupo, os custos do desemprego no tecido empresarial e os custos do desapego aos valores matriciais de sucesso. A clivagem entre o produto jornalístico e o património de referentes e a afectividade dos leitores (hoje apenas tratados como consumidores) explica a perda de liderança do JN. Fizeram de um campeão um resignado ao segundo lugar. Mesmo assim, o colectivo JN tem procurado resistir a duas tendências editoriais da Direcção, sufragadas pela Administração: o desinvestimento no jornalismo de proximidade e de causas nacionais, regionais e metropolitanas e o investimento no jornalismo de enlatados e na governamentalização informativa-opinativa.  


Todavia, tudo sugere que os controladores do Grupo continuarão a nortear-se por parâmetros de descaracterização e de atrelagem ao Poder Político de Turno. A dinâmica foi herdada da Lusomundo/PT Multimédia, conglomerados de negócios que lançaram as bases do modelo. Uma retrospectiva desapaixonada mostra o desastre mas a Controlinveste continua a apostar no mesmo caminho: no cavalo do poder. De maneira que não admira que concentre os meios junto do poder. A desertificação regional é um dos espelhos de tal Indústria de Influência: as Delegações do JN de Aveiro, Braga, Coimbra e Leiria serão reduzidas a um piquete. O Jogo também contrai o corpo das Secções mas deslocaliza para Lisboa a Secção Internacional. Quanto ao DN, foi decidido que passaria a ser um matutino da capital: as delegações do Porto e Coimbra são dotadas de um aparelho mínimo e a delegação de Leiria é riscada do mapa. Neste emagrecimento do organigrama, o 24 Horas prevê o encerramento da Delegação do Porto. Os jornais perdem olhos e ouvidos das populações que mais precisam de saber ver e ouvir, de ser vistas e de ser ouvidas. Este tipo de manobras de campo, secagem de Delegações e deslocalização de Secções tem cadastro. Ainda no tempo do accionista PT/Multimédia, foi extinta a redacção no Porto da revista dominical Notícias Magazine, reforçando-se com ares de arrancada gloriosa a componente redactorial da capital. Na altura, centenas de personalidades de todos os quadrantes da Região Norte subscreveram um abaixo-assinado de protesto. Em vão. Nem a assinatura do Bispo do Porto comoveu algum cristão multimédia. Até se andou a germinar ou a marinar a fusão dos títulos JN/DN, compactando projectos e corpos laborais. Fantasia de gestão que ainda mantém adeptos nas fileiras do Centralismo e do Pensamento Único. Mais tarde, deslocou-se a Editoria Política para Lisboa. A obsessão de conquistar a capital saiu frustrada. A capital é que conquistou o Jornal de Notícias. Houve quem avisasse. Em vão.


Também, segundo carta recente de um grupo de jornalistas do DN, seleccionados para despedimento, se põe a tónica no “desvio editorial, bem como nas diárias violações do Código Deontológico dos Jornalistas”. Os dois títulos têm desbaratado capital de confiança e de independência, desguarnecendo as aspirações empresariais de longo prazo e os interesses sociais, regionais e nacionais a troco de uma linha oficialista e negocista. É nossa opinião que jornais, como o JN, com 121 anos ou o DN, com 144, têm particular obrigação de olhar para os respectivos percursos e tirar as correspondentes lições de identidade, consolidação e sobrevivência. Também algo de sintomático e alarmente se depreenderá do facto de não haver conhecimento de despedimentos em massa durante a centenária vida do JN e do DN. Mas estão em curso em 2009. Despedimentos colectivos e, segundo os visados, simultaneamente “selectivos”. Tão “selectivos” ou primariamente maquinados que “não poupam lactantes, a mais nova das quais com um bebé de dois meses, mães com vários filhos menores, casais, deficientes motores, transplantados, delegados sindicais”. 


Que razões se ocultam nos bastidores destas directivas ou decretos de emergência? Serão indispensáveis? Irão resolver a crise que paira no Grupo ou agravá-la? Não estarão os autores reais e morais da crise a descarregar o passivo sobre o elo mais indefeso e vital da Controlinveste? É nossa opinião que os projectos do Jornal de Notícias, Diário de Notícias, 24 Horas, O Jogo, sem excepção, carecem dos quadros escolhidos para “abate”. Provavelmente serão dispensáveis os “abatedores”. A sua manutenção é o que nos parece verdadeiramente incomportável. É, pois, com apreensão que se observa a apresentação da factura da crise aos que tudo fizeram para merecer o posto de trabalho. Inclusive - recorrendo, de novo, ao exemplo DN - suportando um ciclo de descompensações: “há cerca de uma década que não existem promoções no DN e há três anos que os aumentos têm sido nulos para ordenados superiores a mil euros”.


Entretanto, na véspera do anúncio do despedimento colectivo, o Grupo contratou jornalistas em condições generosas. Igualmente mantém uma grelha de privilégios para premiar os executivos do Grupo, cujas perspectivas e opções conduziram a saldos pouco lisonjeiros, que procuram superar eliminando dos gráficos uma série de trabalhadores e impondo aos que ficam um regime de acrescida dependência. No entanto, a situação económico-financeira não esclarece todas as variáveis. Não somente pelo último lote de contratações ou pelas honrarias da elite Controlinveste. Não se divisando um iminente sufoco de tesouraria, certo é que este despedimento colectivo/selectivo também não mostra ter como objectivo uma requalificação de quadros. Estará antes em marcha um saneamento de pessoas não gratas ou menos moldáveis aos rolos do seguidismo e aos compressores do economicismo. Expulsam-se os mais difíceis de normalizar ou menos ágeis no jornalismo “todo terreno” e transfere-se o trabalho para os colegas que restam e que se sentirão sobremaneira condicionados nas reivindicações. Fontes diversificadas apontam para uma vassourada ideológica e mercadológica. A porta está bem sinalizada. A ideia não é original: foi abundantemente concretizada, desde a década de oitenta, sob a batuta do fraterno êxodo, registado para o devir e o deve-haver como processo ou método das “rescisões amigáveis”. Agora, o expediente é mais rápido, barato e brutal. 


Expurgo, na actualidade, também facilitado pela aprovação dos diplomas da Concentração Empresarial, do Estatuto do Jornalista e do Código de Trabalho, que diligentemente criaram a moldura para o quadro que aqui se retrata. Na verdade, o labor de um jornalista pode ser livremente utilizado nas várias publicações e estações. Com a mesma matéria enche-se o cabaz mediático. As publicações passarão a ser irmãs gémeas, alinhadas e uniformizadas. A reprodução tenderá a ser a mercadoria dos novos “criativos”. E ponto final ou, pelo menos, ponto e vírgula nalgumas manifestações contestatárias: os jornalistas do JN serão forçados a editar o DN e os de O Jogo a garantir o 24 Horas, de qualquer posto de comando audiovisual ou “on-line”, sem limite de título nem de horário. Já na fase preparatória das privatizações, o Governo do agora presidente da República (que promulgou o Estatuto e demais instrumentos de coacção) alterou a Lei de Imprensa, tornando meramente consultivo o até então parecer vinculativo dos Conselhos de Redacção, de modo a entregar redacções castradas ao Poder Económico. 


Não poderíamos, nestas circunstâncias, calar a nossa voz de cidadãos-leitores perante uma política que comporta três níveis de efeitos: em primeiro lugar, são jogados na rua 119 trabalhadores, sem razões sérias, cortando-se com um padrão de comportamento; em segundo lugar, o Porto, a Região Norte e a Região Centro sofrem mais um desperdício de cérebros necessários a um jornalismo activo e plural; em terceiro lugar, um despedimento com esta carga de implacabilidade, empreendido por diários de longo magistério, acabará, se não for tenazmente denunciado, por ser aproveitado como doutrina de conjuntura. Afinal, os jornais que reportam criticamente as calamidades sociais também são agentes e fautores da calamidade. 


Temos consciência de que este desfecho não é um acto caprichoso e solitário no universo da Comunicação Social. As tendências concentracionárias (políticas e empresariais)  têm estimulado este espírito, mesmo que, como é o caso, venham a penalizar o futuro desempenho das publicações. Outros processos de despedimento colectivo/selectivo têm ocorrido ou estão na forja em órgãos diversos. Também o Estado, através da tutela governamental, inspira este clima de fractura e reconcentração, de que é paradigma o esvaziamento de autonomia da RTP/Norte. Política que, a par da extinção de O Comércio do Porto e do “fecha-e-abre” de O Primeiro de Janeiro, acentua a irrelevância do Porto/Norte como pólo de afirmação territorial e interlocutor nacional. Nos últimos cinco anos, a pronúncia do Norte perdeu 180 jornalistas.


Neste cenário, que reclamaria, mais do que nunca, uma cultura empresarial com garra competitiva e cunho humanista, apelamos a todas as instâncias para que revejam, se lhes é possível, as suas tabuadas de mercado e de mérito, e no que toca às instituições do Estado, que pautem a sua prática e a sua acção legislativa acima de toda a suspeita de promiscuidade com o “vale tudo” do “capitalismo desregulado” e da macrocefalia como princípio de desenvolvimento. Recusamos uma sociedade balizada em concepções e procedimentos que acabam de fazer em todo o mundo a prova catastrófica da incompetência, da iniquidade, da maximização do livre arbítrio. Com esta exposição e estes pressupostos consideramos ser um gesto de solidariedade e cidadania assinar este manifesto:


Contra o despedimento colectivo/selectivo no Jornal de Notícias!

Contra o despedimento colectivo/selectivo no Diário de Notícias!

Contra o despedimento colectivo/selectivo no jornal 24 Horas!

Contra o despedimento colectivo/selectivo no jornal O Jogo!


Porto, Março de 2009